Com a assinatura e implementação de acordos ambientais, os países podem criar um ambiente propício para atrair investidores. Investidores globais, cada vez mais conscientes do impacto ambiental e social de suas carteiras, estão buscando oportunidades que combinem retorno financeiro com benefícios sustentáveis. Para se tornarem destinos atraentes para esses investimentos, os países precisam demonstrar um forte compromisso com a sustentabilidade. Isso inclui o cumprimento dos acordos internacionais, a implementação de políticas e legislações claras e a criação de incentivos para projetos em energias renováveis, infraestrutura sustentável e inovação tecnológica.
A importância do planejamento estratégico para empresas
No cerne desse novo paradigma econômico, as empresas enfrentam a necessidade de adaptar seus planejamentos estratégicos. Antecipar as tendências do mercado e as mudanças nas regulamentações ambientais tornam-se essenciais. As empresas devem se preparar para uma transição a uma economia de baixo carbono, o que envolve investir em pesquisa e desenvolvimento e buscar soluções economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis. Um planejamento estratégico bem orientado não só assegura a viabilidade da empresa em longo prazo, mas também reforça a confiança dos investidores.
A combinação de um ambiente favorável aos investimentos em sustentabilidade e um planejamento empresarial estratégico e adaptativo pode criar um ciclo virtuoso. Investimentos em tecnologias verdes e práticas sustentáveis podem gerar retornos financeiros, ao mesmo tempo em que promovem um impacto ambiental positivo. Além disso, empresas que demonstram responsabilidade ambiental e social tendem a atrair não só investidores, mas também clientes e talentos, impulsionando ainda mais o seu crescimento e inovação.
Por que os acordos não avançam?
Se estamos falando de sustentabilidade, de preservação do meio ambiente, de economia sustentável, de novas fontes de economia, a pergunta é: por que os acordos finalmente não são feitos entre Mercosul e União Europeia?
Entre muitos gritos políticos e muitas reuniões, a União Europeia alega alguns pontos que, segundo eles, são fundamentais para a França assinar o acordo:
A primeira condição imposta pelo governo francês é o cumprimento do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas. O país também exige que as importações para o bloco dos países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai) respeitem as normas sanitárias e ambientais europeias.
Além disso, a França rejeita “a falta de ambição” do texto atual, no que se refere a questões ambientais. Mais de 30 ONGs, incluindo o Greenpeace França, exigiram em carta aberta a Macron que ele “enterre definitivamente” o acordo UE-Mercosul, cujo impacto sobre florestas, clima e direitos humanos seria, segundo elas, “desastroso”.
Segundo especialistas, a França seria o ponto fundamental para o avanço dos acordos entre os blocos, porém, segundo a UE, falta determinar de forma clara as reduções reais do efeito estufa, uma promessa dos países do bloco Mercosul.
Conflitos e compensações climáticas
Países ricos em petróleo, como os Emirados Árabes Unidos, enfrentam um dilema ao financiar a transição para energias renováveis, equilibrando a proteção de suas economias baseadas em combustíveis fósseis com as pressões globais para combater as mudanças climáticas. Isso também se passa na Venezuela, país da América do Sul mas que não faz parte do Mercosul. A recente descoberta de petróleo próximo às suas fronteiras em Essequibo, na Guiana, forçou os EUA a entrarem na disputa política exigindo acordos de Genebra, assinados em 1966.
Para a exploração do petróleo e outras riquezas da região, fica contra a política de redução dos efeitos climáticos e atrai uma possível guerra política, se não real, aos continentes sul-americanos.
Ao mesmo tempo, o presidente atual do Brasil, Lula, perde um forte aliado. Argentina elege Javier Milei, declaradamente adversário político e contra as políticas populares ou socialistas adotadas por Lula. Com isso, também pode ser que o Mercosul e sua real força comercial enfraqueçam, uma vez que Javier Milei busca apoio dos Estados Unidos e Israel, além de combater, segundo ele mesmo, a falência da Argentina. Isso pode forçá-lo a adotar políticas de avanço em ações econômicas não diretamente alinhadas com as políticas climáticas hoje pretendidas.
Financiamento para desenvolvimento sustentável
O Fundo Verde para o Clima exemplifica iniciativas para auxiliar países em desenvolvimento na adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Os países desenvolvidos têm a responsabilidade de liderar esforços globais e ajudar financeiramente os países em desenvolvimento. O propósito é criar um fundo global em forma de compensação.
O Brasil, como um país em desenvolvimento, teria acesso a esse fundo multibilionário, patrocinado por países que são considerados desenvolvidos e ricos, como os EUA. Esse patrocínio seria para acelerar o crescimento econômico do Brasil por meio de tecnologia para ações que preservem o meio ambiente e que, ao mesmo tempo, crie riqueza e nova economia. Concomitantemente, o Brasil teria o compromisso mundial de preservação do meio ambiente e preservação da Amazônia.
Por outro lado, o crédito de carbono é uma economia real que pode ser desenvolvida com o compromisso de avanço tecnológico, em que países e empresas fariam o cálculo real de valor a ser indenizado ao mundo por poluição emitida contra lugares que garantem a conservação do meio ambiente. O grande receio é que o Brasil, por exemplo, pode se condenar ao não desenvolvimento econômico em troca da preservação. Ao mesmo tempo, seriam necessárias auditorias financeiras e ambientais efetivas e de total transparência, além da segurança jurídica, algo que o histórico brasileiro não é favorável.
A era da sustentabilidade apresenta desafios e oportunidades únicas. A capacidade de atrair investidores sustentáveis e o desenvolvimento de um planejamento estratégico adaptável e consciente das questões ambientais são fundamentais para o sucesso econômico no século XXI. Países e empresas que abraçam essas mudanças estão se posicionando para liderar o caminho em direção a um futuro mais verde, mais justo e mais próspero. Porém, os desafios são enormes: acordos complexos, processo de transparência comprometido, holofotes políticos, bem como conflitos de interesses são predominantes. Em contrapartida, temos o aquecimento global, o desmatamento desenfreado e a falta de acordo que limitam o crescimento de alguns países em troca de exportação ou exploração de recursos naturais.
O acordo também exige um amplo controle político ou segurança jurídica, e temos pelo mundo entendimentos diferentes de como devem ser os acordos a independência de cada país também é algo que pode gerar desconforto quando falado em avanços conjuntos de uma nova economia e preservação ambiental por meio de indenizações financeiras versus preservação.
Muitos acordos já foram feitos; muitos não foram cumpridos e poucas são as consequências, pois os países se impõem metas. O acordo prevê algo diferente e, em conjunto, isso pode parecer bonito, mas não é prático, tampouco fácil.
Enquanto isso, as explorações e desmatamentos continuarão até quando não houver necessidade de acordos, pois não haverá o que se preservar.
(*) Especialista contábil, pós-graduado em controladoria e finanças, mestrado em valuation e valor justo de empresas e contabilometria; especialista em planejamento estratégico, gestão baseada em valor, tendo negociado mais de $2bi em M&A, além de experiência em negociações complexas, como recuperações judiciais e turnaround. Qualificado como ISO para área de Saúde pela DNV-GL e Green Belt Six Sigma, pela EBTI. CEO da Equity S/A.